28.10.08

Diário Digital, terça-feira, 28 de Outubro de 2008 12:33
Entrevista com os Madredeus: O espírito da conquista
Davide Pinheiro


Os Madredeus optaram por continuar depois da saída de Teresa Salgueiro e estão de regresso, agora acompanhados pela Banda Cósmica. Em discurso directo, Pedro Ayres Magalhães explica tudo o que aconteceu no último ano.

Porque é que os Madredeus decidiram continuar após a saída da Teresa Salgueiro?
Após a saída da Teresa Salgueiro, ponderei muito se me devia reformar já ou se devia continuar. A Teresa foi uma figura marcante nos Madredeus e era muito difícil encontrar alguém que a substituísse. Chegámos a pensar na hipótese de continuar o projecto mas com outro nome. Houve uma série de pessoas que nos contactaram a dizer que gostavam de entrar para os Madredeus. Nem sequer tivemos necessidade de ir à procura de vozes. Em Dezembro do ano passado, fizemos uma série de audições e fomos escolhendo, até ao início das gravações do disco. Participaram cinco cantoras. As duas melhores solistas (Mariana Abrunheiro e Rita Damásio) ficaram no grupo. Com o dinheiro que entretanto ganhámos com digressões e direitos de autor, pude investir na preparação de um projecto que é exigente.

O que é que vos fez continuar como Madredeus?
Foi uma ideia de melodia que sempre esteve presente nos Madredeus. Este é um projecto de música de todo o mundo e já tocámos para quase toda a gente. A grande diferença é que agora temos a Banda Cósmica.

Isso mudou alguma coisa na concepção do disco?
Não, nada. O disco foi feito exactamente da mesma maneira que os outros. Quer que eu lhe explique como? Eu sou o director musical. Normalmente, componho juntamente com o Carlos Maria Trindade e depois apresento as ideias aos outros. A partir daí, os arranjos são trabalhados.

Para além da Teresa Salgueiro, porque é que o José Peixoto e o Fernando Júdice também sairam?
Porque os Madredeus não podem existir apenas durante três meses por ano. As pessoas têm as suas agendas e eu respeito isso mas os Madredeus exigem muito tempo. Antigamente, nós vendíamos discos e tínhamos os concertos. A partir do momento em que as editoras saem dessa equação é muito mais complicado. É necessário ter uma disponibilidade muito maior para tocar ao vivo. Eu ainda tentei uma certa flexibilização que era ter uma agenda com 15 dias ocupados e outros 15 livres. Mas para algumas pessoas isso era incompatível com outros projectos. Respeito isso mas havia que andar para a frente.

O nome Banda Cósmica remete para o rock progressivo/sinfónico. Há alguma relação?
Sim…era essa a brincadeira. É curioso porque ainda ninguém tinha referido isso mas, sim, acertou em cheio. Quisemos brincar um pouco com o nome até porque se trata de uma referência clara ao meu tempo. Claro que entretanto o mundo já mudou bastante.

Já está a ser prepara alguma digressão mundial?
Sim mas para isso é preciso que nos contratem. Até agora, temos sido privilegiados mas o mercado não está propriamente fácil e esta banda é muito grande. Para já, vamos concentrar-nos na Península Ibérica. Depois, logo se verá…

O que é que sentiu com o surto de nostalgia em torno dos Heróis do Mar em 2007?
Muito bem. Gostei muito do trabalho do Jorge Pires e do Zé Pinheiro no filme («Brava Dança»). Apoiei-os com todo o material que eles necessitaram e foi muito engraçado voltar a reviver aquelas memórias.

14.10.08

Metafonia - o Atlântico a sul

Sim, já ouvimos a música e é verdade. Também sabemos que haverá concertos de apresentação nos dois primeiros fins de semana de Novembro, e em Xabregas.
Além disso, Pedro Ayres Magalhães remeteu-nos há pouco a imagem do novo disco - e da nova era - dos Madredeus, acompanhada por um seu texto de apresentação da obra. Ei-los:
MADREDEUS & A BANDA CÓSMICA
Metafonia

Anuncia-se para 20 de Outubro o lançamento em Portugal de um novo disco dos Madredeus.
“Metafonia” é um duplo CD, editado independentemente por Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade, e distribuido pela Farol Música.
Os Madredeus começaram a ensaiar a introdução da harpa na sua oficina de composição em Dezembro de 2007, e a preparar os arranjos do novo e antigo reportório, enquanto procediam a audições para novas cantoras. Após o trabalho com a harpa de Ana Isabel Dias, convidámos a percussão afro de Ruca Rebordão e depois a secção ritmíca com Sérgio Zurawski na guitarra eléctrica, Gustavo Roriz na guitarra-baixo e no contrabaixo e Babi Bergamini na bateria.O violinista Jorge Varrecoso, participou no disco como convidado. O progresso dos arranjos musicais acompanhou o trabalho com diversas vozes até às sessões de gravação destes discos, e a escolha final das canções foi decidida pelas excepcionais interpretações da Rita Damásio e da Mariana Abrunheiro. As gravações decorreram durante o mês de Agosto, no Estúdio Música Nómada, propriedade do teclista Carlos Maria Trindade.

Há muito que eu e o Carlos desejávamos poder tocar as nossas composições, mais alto e para mais pessoas, tantas foram as solicitações para os Madredeus se apresentarem em grandes concertos ao ar livre e festivais.
A partir de agora poderemos sempre fazer os concertos de câmara que são a nossa tradição ou apresentarmo-nos perante audiências maiores, com a Banda Cósmica, a banda que toca mais alto.

A nova formação dos Madredeus pretendeu inventar uma nova concepção de música cantada em português para grandes espectáculos, inspirada na diversa tradição das suas próprias composições, e nos arranjos da música popular da Europa, da Àfrica Ocidental e do Brasil.
Pensamos que conseguimos vislumbrar um caminho contemporâneo para o grupo continuadamente ligado à música ao vivo e pretendemos apresentar concertos em Portugal e Espanha, no próximo ano.

Até lá, aqui fica um grande abraço a todos os que ao longo de tantos anos apoiaram o nosso caminho nas profundezas da alma portuguesa, como músicos itinerantes,autores e compositores, e o convite para que venham de novo ouvir e meditar nas nossas aventuras “metafónicas”, ( - Para além dos sons!), assim que a caravana passar por perto!

Muito Obrigado,
Pedro Ayres Magalhães

Metafonia, o novo disco dos Madredeus & A Banda Cósmica, com:

Mariana Abrunheiro - Voz
Rita Damásio – Voz
Ana Isabel Dias - Harpa
Sérgio Zurawski - Guitarra Eléctrica
Gustavo Roriz – Guitarra Baixo
Ruca Rebordão – Percussão
Babi Bergamini – Bateria
Pedro Ayres Magalhães – Guitarra Clássica
Carlos Maria Trindade – Sintetizadores

Convidado especial
Jorge Varrecoso – Violino

Sofia Vitória, Cristina Loureiro e Marisa Fortes – Coros


Metafonia - alinhamento
Inéditos (Disco 1)

1. Vou (Larga o Navio)
(Instrumental)
Música de Carlos Maria Trindade
2. O Eclipse (Habitas no meu pensamento)
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
3. A Profecia Atlântica
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
4. Uma Caipirinha
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
5. Um Amor Assim, o que será?
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
6. Inventar(Meditar no Contratempo)
Letra e música de Carlos Maria Trindade
7. Voava na Noite
Letra de Pedro Ayres Magalhães
Música de Carlos Maria Trindade e Pedro Ayres Magalhães

8. A Comunhão das Vozes
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
9. Dança de Outono
Letra e música de Carlos Maria Trindade
10. Lisboa do Mar
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
11. A Estrada da Montanha
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
12. Uma Pausa
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães

Clássicos (Disco 2)

1. O Mar
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
2. Ao Crepúsculo (-Onde é que está o meu Amor?)
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
3. O Navio
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
4. O Paraíso
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
5. Coisas Pequenas
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
6. Agora - Canção aos Novos
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães
7. Anseio (fuga apressada)
Letra e música de Pedro Ayres Magalhães

Gravado nos estúdios Música Nómada em Pavia, no Alentejo, entre 4 e 29 de Agosto de 2008.
Misturado nos Garate Studios, em Andoain, País Basco (Espanha), entre 1 e 14 de Setembro de 2008.
Engenheiros de som - Jorge Barata e Jonathan Miller
Masterizado por Andrew Jackson,Tube Audio,Ltd,Londres
Direcção Musical e Produção de Pedro Ayres Magalhães



12.10.08

França, 1982: com Amor, mas sem Amantes Furiosos

Correcção à mensagem anterior: o fotógrafo João Bafo enviou-nos a reprodução da capa da edição francesa do primeiro álbum dos Heróis do Mar. Na frente, a conhecida capa de António Campos Rosado, acrescida do logótipo da discográfica:No verso, não a imagem que anteriormente apresentámos, mas provavelmente a primeira da série «pescadores da Nazaré», fotografada pelo mesmo João Bafo:A curiosidade adicional: a edição francesa do álbum já incluía «Amor», e até como tema inicial - mas a troco de «Amantes Furiosos», que foi eliminado do alinhamento.


10.10.08

Guincho, 1982 - uma foto inédita de João Bafo

Por intermédio do ilustrador André Bonito, o fotógrafo João Bafo fez-nos chegar às mãos esta imagem inédita de uma sessão fotográfica dos Heróis do Mar em 1982 (provavelmente na Primavera), junto à Praia do Guincho.
A sessão destinava-se - e destinou-se - à capa da edição francesa do primeiro disco do grupo, cujas indumentárias, como bem se pode ver, já se haviam entretanto transformado nos trajes do «Amor».
Os nossos agradecimentos a João Bafo e a André Bonito, que partilham uma curiosa comunidade artística e espiritual com o escritor Manuel Rialto - além de todos eles publicarem regularmente no blogue da Frenesi.