«A água sobre o alcatrão da Almirante Reis reflectia línguas fibrosas de luz verde e encarnada, azul e rosa
parecia um lago denso, homogéneo.
Tu caminhavas à minha frente encharcada & apesar do ar frio
cabelo rente loira como uma albina
as tuas jeans estreitas.
Junto à parede da fábrica estava muito escuro
há 2 semanas que as lâmpadas do sector tinham qualquer avaria.
Os carros ao passarem depressa molhavam-nos violentamente, eu tinha as mãos geladas mas não desisti.
Veio um táxi e eu apanhei-o sem ter dinheiro para pagar a corrida
indiferente.»
(29.01.1977)
in Paulo da Costa Domingos, Asfalto: Lisboa, &etc, 1977
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