16.3.07

Histórias de Setúbal

José Simões recorda duas histórias bem curiosas no seu blog Der Terrorist: como foi um concerto dos Faíscas naquela cidade, em 1978; e como foi o primeiro concerto dos Heróis do Mar , três anos mais tarde, ali à beira do Sado.

Ler também, entre outros, Como descobri Alexandre O'Neill

5 comentários:

Anónimo disse...

já viram as entrevistas no IOL (a propósito do Brava Dança)?

com os realizadores:
http://www.iol.pt/cinema/noticia.php?id=783107&div_id=2903#

e com os músicos:
http://www.musica.iol.pt/noticia.php?id=783619&div_id=3321

Anónimo disse...

“poderíamos ter ido por caminhos mais fáceis. O mais difícil talvez fosse mesmo os Heróis do Mar e agarramos esse desafio.”

Muito obrigado pela escolha !
Sempre fui um fã dos Heróis do Mar, desde o 1º minuto que os ouvi.
Tenho 35 anos, e não poderia ser assim, se não fosse o meu irmão mais velho, esse sim, um dos primeiros fãs do grupo. Entusiasta desde a 1ª hora, dedicação essa que o levou ao Rock Rendez Vous para aquela estreia que todos dizem ter sido inesquecível.
O meu irmão mais tarde afastou-se, mas eu continuei a acompanhá-los sempre, mesmo nas horas mais difíceis em que era difícil defender o percurso musical e estético da banda, perante os meus amigos. E tantas e tantas vezes sentia-me impotente para tal façanha, parecia que os Heróis do Mar sentiam a verdadeira atracção pelo abismo. Um dia levei alguns dos meus amigos ao Som do Parque, no pavilhão Carlos Lopes para lhes apresentar s verdadeiros Heróis , numa actuação que eu previra ser original e arrojada, a única banda que tinha o desprendimento de fazer uma perfomance de 40 minutos com um só tema. Mas enfim, no final do concerto, esses meus amigos ainda foram muito benevolentes comigo… o destino quis que todo o tipo de problemas técnicos arruinassem o concerto e possivelmente a tornee de Verão do grupo, que segundo creio, já não chegou a realizar-se.
Mas adiante, nesta sexta feira fui ver a Brava Dança.
Que maravilha, pela primeira vez, tenho os cinco elementos sentados numa sala a falarem comigo em directo e ao vivo 
Bravo !
Foi uma euforia ouvir aquelas histórias, e quantas estão por contar, quanto está por dizer sobre os Heróis do Mar. Um dia ouvi o Ayres numa entrevista radiofónica, dizer que o grupo era o espelho do país. Eu já tinha essa certeza antes, já olhava para eles, como se do quinto império perdido se tratasse .
No final do filme senti uma grande tristeza…certeza por saber que eles jamais se reunirão (são honestos e profissionais demais para isso), tristeza por ver o que o país de nome de Portugal fez com eles, triste por ver o tão pouco eles foram reconhecidos.
O sentimento de decadência sempre me fascinou, terá sido essa a causa da minha paixão até ao fim? Como é bonito de ouvir o ultimo disco da Amália Rodrigues, com a sua voz rouca, já mais perto de um Tom Waits,, do que outra coisa qualquer.
Vi hoje no Youtube um vídeo duma aparição televisiva, em que eles cantam o cachopa. Como dizia o Pedro, eles remaram contra tudo e contra todos, vê-los num programa imberbe de tv, perde-se a contextualização do espírito da banda. Os Heróis do Mar sempre forçaram a corda, sabendo dos riscos e sabendo que o fim de qualquer grupo, será sempre o Fim.
Por isso as pessoas os olhavam na tv, e uns abominavam-nos, outros achavam-nos convencidos, e outros riam-se.
No entanto, eles não se riam concerteza quando iam tocar à aldeia de Trás os Montes, e viam que nem palco tinham, e que tinham de apresentar a sua musica e conceito perante um bando de gente analfabeta. É preciso ser-se mesmo um herói.
Um grupo muito à frente para a altura, tal como estariam ainda agora, se aparecessem em 2007 !
Longa história têm os Heróis do Mar. Enquanto as bandas pisam e repisam os seus êxitos e inexitos, estes elementos parece que conseguem ser ainda mais auto críticos do que o pior dos críticos. Porque é que nunca ouvi ninguém a falar do álbum Mãe, a não ser dizer mal? Mesmo eles próprios criticam, ora a escolha do timbre do cantor, ora a produção, mas para mim aquele álbum é perfeito a todos os níveis! Uma perfeição minimalista e intimista, um disco só possível de ser feito por grandes músicos, e grandes profissionais.

Não é fácil falar dos Heróis do Mar, ainda falta muita coisa por dizer, mas a carta já vai longuíssima.
Ah, queria só dizer que foi uma loucura ver o clip francês do Olhar no Oriente!
Muito obrigado Jorge Pires, e José Pinheiro.

Anónimo disse...

Queria fazer mais uma pergunta, uma vez passou na RTP um concerto ao vivo em Macau, e no Brava Dança aparecem até excertos desse concerto. Será que um dia se poderá ver editado este evento em DVD ?
Obrigado
Jorge Carvalho

JOPP disse...

Jorge,

a resposta à última pergunta é: não sabemos. Esse concerto em Macau (Nov1985) foi registado pela TDM (Televisão de Macau), de cujo espólio, ao que sabemos, ficou cópia nos arquivos da RTP, e no ANIM, desde a transferência da soberania daquele território para a República Popular da China, em 1999.

Anónimo disse...

Obrigado, Jorge Pires. Como vi excertos no Brava Dança., pensei que o espólio estivesse a salvo, engano meu...
Um abraço
Jorge Carvalho